domingo, 30 de agosto de 2009

Ibere Camargo 2


Olha só o que eu aprendi a fazer...uma bela colagem de fotos...

Está certo que o espaço fotografado ajudou muito a composição...

Mas a ideia era tentar fazer a colagem. Ficou bem bacana...

Outro dia, tentarei novos recursos.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Mafalda


Olhem só quem vai ganhar uma escultura nesse domingo, 30 de agosto.
Sentada em um banco de 80 centímetros de altura, a protagonista da tirinha mais popular da Argentina descansará na rua Chile, em San Telmo, onde a história é ambientada, e a poucos metros do local onde vivia seu criador, Quino.
Eu amei...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Tempo de mudança...


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades.
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
E core o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro e doce canto.
E, afora este mudar-se a cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soia.

Luís Vaz de Camões

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Erosão 1

Era para ser apenas o mar e as dunas...
Mas o homem insiste em invadir e
destruir tudo que ele toca.

sábado, 15 de agosto de 2009

Sabedoria tibetana


Breve diálogo entre o teólogo brasileiro Leonardo Boff e o Dalai Lama. "No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual ambos (eu e o Dalai Lama) participávamos, eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, lhe perguntei em meu inglês capenga: - "Santidade, qual é a melhor religião?" (Your holiness, what`s the best religion?)Esperava que ele dissesse: "É o budismo tibetano" ou "São as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo." O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos - o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia contida na pergunta - e afirmou: "A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus, do Infinito".É aquela que te faz melhor."
Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar: - "O que me faz melhor?" Respondeu ele: - "Aquilo que te faz mais compassivo" (e aí senti a ressonância tibetana, budista, taoísta de sua resposta), aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável... Mais ético...A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião..."
Calei, maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável...

Não me interessa, amigo, a tua religião ou mesmo se tem ou não tem religião. O que realmente importa é a tua conduta perante o teu semelhante, tua família, teu trabalho, tua comunidade, perante o mundo... Lembremos:

"O Universo é o eco de nossas ações e nossos pensamentos".
A Lei da Ação e Reação não é exclusiva da Física. Ela está também nas relações humanas. Se eu ajo com o bem, receberei o bem. Se eu ajo com o mal, receberei o mal. Aquilo que nossos avós nos disseram é a mais pura verdade: "terás sempre em dobro aquilo que desejares aos outros". Para muitos, ser feliz não é questão de destino. É de escolha. Pense nisso.

(sei lá de onde tirei esse pequeno texto... mas é maravilhoso!)

domingo, 9 de agosto de 2009

Tranquilidade


Nada como uma férias prolongadas para deixar o ser humano se achando o dono do mundo...Não dá vontade de voltar para a correria do dia-a-dia, das aulas, dos trabahos por corrigir, da poluição, do trânsito, das pequenas frustrações que nos permitidos por acharmos que "precisamos" trabalhar sempre mais e mais...Essa semana, por exemplo, para os "pernilongos" - sim, esse é o nome dos pássaros da foto ai em cima - será tão gratificante como a anterior ou a próxima... ô vidão... só na pescaria!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O Sorriso de Monalisa


“...Nem todo errante é sem propósito,especialmente aquele que busca a verdadealém da tradição, além da definição, além da imagem.”O filme “O Sorriso de Monalisa” apresenta-nos uma jovem professora de História da Arte, recém formada, idealista, profundamente engajada na causa da Arte e da emancipação das mulheres, questões essas consideradas muito avançadas em 1953. Ao chegar à escola, a professora enfrenta alunas “brilhantes”, que sabem muito do que está nos livros (apostilas), mas que pouco pensam sobre o que estão repetindo mecanicamente. O confronto é inevitável: de um lado a escola tradicional, que representa a sociedade da época, que não quer mudanças, que não quer perder o controle sobre suas alunas, jovens “casadoiras”, que estudam não como forma de ascensão social, cultural ou profissional, mas “apenas” como ilustração para a vida de casada.

Não há como separar o contexto histórico-social da análise pedagógica do filme. O fazer pedagógico da personagem está intrinsecamente unido com o seu fazer político-socio-cultural. Há na escola/sociedade da época uma evidente rotulação de tudo que é “certo” e do que não é. Ao questionar a forma como suas alunas entendem a arte, a professora também está questionando a forma como essas alunas estão entendendo e construindo as suas próprias vidas. Frases como “Não há resposta errada nem livro ensinando o que é”, “O que é arte? O que faz dela boa ou ruim? Quem decide?”, “Olhem além da pintura”, “abram a mente para uma nova concepção” são emblemáticas e demonstram o quanto a professora está engajada em uma mudança de paradigmas, uma mudança de mentalidades.

Ao apresentar novos artistas, representantes de uma arte de vanguarda, revolucionária e questionadora e suas obras (“A carcaça” de Soutine, “Les demoiselles d'Avignon” de Picasso, “Doze girassóis em uma jarra” de Van Gogh, “Greyed Rainbow” de Pollock) a professora tenta levar suas jovens alunas a verem além, a fugirem do convencional, do que lhes é dado como arte, a fazerem suas próprias escolhas, não apenas das obras, mas de suas próprias vidas. Na visita a uma galeria-depósito (?), ela leva suas alunas para apreciarem um Pollock e diz “Façam um favor a vocês, parem de falar e olhem. Vocês não precisam gostar, apenas apreciem.” Ao falar de Picasso ela diz “Picasso pintava o que sentia e não o que via, sem camuflagem, sem romantismo.” Novamente ao falar de arte, ela fala da sociedade, dos costumes, das regras, das aparências. É o mote para reflexão pessoal, para a construção do seu próprio saber.

Outra passagem do filme digna de nota é o momento em que a professora leva para aula slides de comerciais em que as mulheres são apresentadas como “rainhas do lar”, cumprindo “o papel que nasceram para desempenhar”. É o início do que chamamos de sociedade do consumo, do ideal do ter ao invés de ser. Mulheres que estudaram, formaram-se com louvor, “os cérebros femininos mais inteligentes do país”, com um futuro brilhante pela frente se acomodando e aceitando viver menos do que merecem, menos do que podem, se contentando em ficar o resto das vidas cuidando de casas, lavando, passando, cuidando de bebês... É incrível pensar que o filme retrata a sociedade de 1953, mas que hoje ainda vemos algumas pessoas, homens e mulheres, com essa mesma mentalidade.

No meu singelo ponto de vista, a escola tradicional do filme vence a batalha. Faz uma lista de exigências para a professora que despersonaliza completamente o trabalho dela: apostila padrão, planos de aula pré-vistoriados para aprovação, nada de “conselhos” às alunas, relacionamento apenas profissional com todos os membros da instituição, nada de arte moderna (considerada muito perigosa por fazer refletir). Não há clima para que ela continue, não há porque continuar... Ela desiste, vai para Europa, seguir seu caminho, mas não sei deixar algumas seguidoras, não sem deixar pequenas sementes, jovens que passaram a ver o mundo de uma outra maneira, que foram irremediavelmente contagiadas pelas ideias da professora, idéias de autonomia, de construção de identidade, de personalidade. Para o bem ou para o mal, temos esse poder, temos essa responsabilidade: tudo o que dizemos e/ou fazemos pode influenciar nossos alunos.

domingo, 2 de agosto de 2009

Nascidos em Bordéis




O filme “Nascido em Bordéis”, diferentemente dos demais assistidos (“Leões e Cordeiros”, “O Sorriso de Monalisa” e “Entre os muros da Escola”) é um documentário. O que por si só já nos traz uma estética e uma concepção completamente diferentes.

Ao acompanhar uma fotógrafa-professora-artista, Zana Briski, em sua incursão pelo Distrito da Luz Vermelha, em Calcutá, na Índia, o documentário mostra-nos a difícil vida de meninos e meninas, filhos de prostitutas, para poderem sobreviver em um meio hostil e sonhar com uma vida um pouco melhor. Trata-se de crianças que estão à margem da sociedade indiana, tão festejada como rica em tecnologia da informação e, na realidade, tão pobre socialmente. Sujeira, caos, burocracia, drogas, preconceito, tudo conspira para que essas crianças, em situação de risco, continuem vivendo em condições sub-humanas.

Zana, que a princípio buscava apenas registrar imagens do distrito, acaba se envolvendo de forma irremediável com o grupo de crianças que ela ensina a fotografar. Nas palavras da fotógrafa, “ensinando a verem o mundo com outros olhos”, proporcionando que aquelas crianças desenvolvam uma sensibilidade para encarar os desafios do mundo que as cerca, a serem produtores de algo, a registrarem seu cotidiano, e consequentemente a pensarem sobre seu mundo, sua vida, seus problemas, a vislumbrarem outras possibilidades. É um resgate da auto-estima que Zana está propondo, é uma tomada das rédeas das suas vidas através desse processo de aprendizado de fotografia, mas, principalmente, um aprendizado da vida. É a busca de uma auto-consciência através da arte, da sensibilidade do olhar.

Os depoimentos das crianças sobre os processos de captação de imagens, sobre os conceitos de belo e do gosto, sobre as técnicas de composição e edição de imagens são bem significativos. Vemos crianças, que apesar de bem jovens em idade, são bastante maduras, que desenvolvem um olhar estético-crítico sobre o que estão produzindo, sobre o como estão produzindo suas fotos, sobre a reação das pessoas retratadas por eles.

Diferente do que poderia se esperar de um choque cultural tão violento, não há um julgamento moral, há apenas uma constatação da miséria e a busca incessante de Zana por escolas para colocar as crianças. É comovente a luta da fotógrafa por essa causa. Uma luta solitária, de formiguinha, que produz pequenos, porém, importantes resultados.

Uma luta que nos faz pensar no nosso papel como professores e cidadãos. Faz pensar em quanto mais se conseguiria se não nos acomodássemos nas nossas vidinhas confortáveis e procurássemos ajudar mais e reclamar menos. É difícil e duramente verdadeiro. Pouco estamos fazendo no nosso dia-a-dia que cause um efeito modificador de vidas tão grande quanto o que a fotógrafa fez. Cumprimos nosso papel, algumas vezes burocraticamente, outras vezes de forma mais comprometida, mas não vamos muito além dos muros da escola.

Já falei em outros fóruns sobre isso, porém, aqui se faz necessário repetir: o que de concreto estamos fazendo pela sociedade que vivemos? Como poderemos usar o ensino de artes como forma de transformação da sociedade? Queremos essa mudança? Estamos dispostos a abrir mão de pequenos luxos para que todos tenham o minimamente necessário a sua sobrevivência? Do que estamos dispostos a abrir mão para que isso aconteça? Difícil de responder... Podemos ao menos começar a pensar no assunto. E penso que esse filme serviu para isso: pensarmos no assunto, pois o Distrito da Luz Vermelha em Calcutá não é assim tão diferente de algumas regiões da periferia de nossa amada capital.