segunda-feira, 30 de abril de 2012

Salamanca do Jarau (Teiniaguá)



A Salamanca do Jarau é uma lenda gaúcha, também conhecida como lenda da Teiniaguá, que conta a história de uma princesa moura que se transformara em bruxa, e que teria vindo em uma urna de Salamanca, na Espanha, e acabou indo morar em uma caverna no Cerro do Jarau, no Rio Grande do Sul.
Ícone da cultura gaúcha, a Teiniaguá, é uma Princesa Moura, transformada em lagartixa pelo Diabo Vermelho dos índios, Anhnangá-Pitã. Séculos atrás, quando caiu o último reduto árabe na Espanha, veio fugida e transfigurada em uma velha; para que não fosse reconhecida e aprisionada.
Corpo de Lagartixa, (ou salamandra), encontra-se no lugar de sua cabeça uma pedra preciosa cintilante, cor de rubi, que fascina os homens e os atrai, destinada a viver em uma lagoa no Cerro do Jarau. (...)
Esta lenda, registrada porJoão Simões Lopes Neto e publicada pela primeira vez no ano de 1913, inspirou Erico Verissimo a escrever partes de seu romance O tempo e o Vento.

O processo criativo: depois de escolhida a lenda (não fábula) regional, foi realizada uma edição a partir da fotografia de uma das lagartixas moradoras da minha casa, com a utilização de filtros e processos de duplicação que resultou em um efeito de "mandala".

Pensei na criação de uma mandala por causa do universo mágico da lenda, do misterioso que envolve a transformação da princesa em ora em bruxa ora em lagartixa e das origens das mandalas, do efeito caleidoscópico que surge...Pareceu ter uma simbiose perfeita no momento. O verde representando o Cerro do Jarau e o vermelho representando a princesa moura tranformada em lagartixa da cor do rubí.

GIMP editor de imagens- tutorial CINTED-UFRGS

 

TERRITÓRIO VERMELHO



"É crua a vida. Alça de tripa e metal.
Nela despenco: pedra mórula ferida.
É crua e dura a vida. Como um naco de víbora.
Como-a no livor da língua
Tinta, lavo-te os antebraços, Vida, lavo-me
No estreito-pouco
Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida
Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.
E perambulamos de coturno pela rua
Rubras, góticas, altas de corpo e copos.
A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima
Olho d’água, bebida.
A vida é líquida."
Hilda Hilst – Alcoólicas (Trecho)
Por que Território VERMELHO? 
A resposta a esse questionamento é simples: literatura. Amo literatura. Sou professora de Literatura. Leio histórias para meus alunos...hihihi. Essas histórias são variadas, do conto fantástico à notícia de jornal que também é uma forma de ficção (hihihi). Aliás, muito mais inacreditável do que os textos literários...
Então, quando li na chamada que o mote principal seriam "fábulas", escolhi esse percurso. Conheço o vídeo do Poteiro. Acho ele uma personagem fantástica, não tanto pelo seu trabalho, mas pela sua personalidade única, indissociável de sua obra. Socialista, anarquista, religioso, brasileiro, artista...Um contador de histórias!!!
Coloquei algumas pesquisas no meu blog sobre uma Fábula que tem tudo a ver com o Poteiro e sua verve revolucionária e ainda um pequeno trecho que esclarece o que são Fábulas...
Coloquei também uma fábula musical que fez parte de minha adolescência e que não poderia faltar: Fábulas modernas...
E por ai vai...

domingo, 29 de abril de 2012

Fábulas modernas...


"Quando o álbum Animals foi lançado, em 1977, boa parte da crítica especializada torceu o nariz, classificando esse trabalho do Pink Floyd como "hermético demais" e "de difícil compreensão". Bobagens à parte, o fato é que os fãs da banda deliraram com esta fábula musical inspirada no emblemático romance, A Revolução Dos Bichos, de George Orwell, que falava sobre a tomada de poder numa fazenda através de uma rebelião comandada por um porco.Esse trabalho Roger Waters dividiu o mundo em cães, porcos e ovelhas se observarmos representa muito bem as divisões geoeconômicas do mundo, ou seja, comunismo, capitalismo e o terceiros mundo. O trabalho mostra muita bem intelectualidade das letras e idéias. Em se tratando da musicalidade é de admirar a guitarra de Gilmour e o vocal de Waters,criaram melodias arrebatadoras, que renderam um espetáculo de belíssima concepção visual, a exemplo do que acontecera com Dark Side Of The Moon quatro anos antes e antecedendo o que viria dois anos depois, com The Wall. O disco, gravado em moderníssimos estúdios europeus, tem sonoridade que ainda hoje soa revolucionária, não só artisticamente, mas também no campo técnico. O repertório traz cinco longas e envolventes peças: "Pigs On The Wing um", "Dogs", "Pigs", "Sheep" e "Pigs On The Wing 2".Particularmente, penso que esse disco encerra uma trilogia de excelência de uma banda de rock - Dark Side, Wish You Were Here e Animals. Talvez a melhor triologia do rock. É quase umas seqüências mais cortantes, ácidas e sérias do disco anterior (Wish You...). Tem umas sonoridades diferentes, exclusivas até hoje. As letras são belas, tristes, críticas. A guitarra do David Gilmour está ótima. A propósito, conforme a opinião do próprio tem seu 2º melhor solo no final da música "Pigs". E, curiosamente de segundo o mesmo o melhor solo foi realizado na 1ª sessão de gravação da mesma música que foi apagado acidentalmente. Um excelente disco.Como diz o título do Cd: ANIMAL! È isso que resume este belíssimo trabalho do Floyd. 
Fonte Imperdível e ANIMALESCO! By Mystique."

Animal Farm (Revolução dos Bichos)




1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
2. Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
3. Nenhum animal usará roupas.
4. Nenhum animal dormirá em cama.
5. Nenhum animal beberá álcool.
6. Nenhum animal matará outro animal.
7. Todos os animais são iguais.
Era uma vez a fazenda do senhor Jones, que de cruel forma explorava os animais que lá viviam, ficando com todo o produto de seu trabalho e dando-lhes em troca, apenas abrigo e comida suficiente para que não parassem de trabalhar.
Chegou o dia em que um sábio porco chamado Velho Major reuniu todos os animais no celeiro e lhes mostrou o seu sonho, uma fazenda não mais governada pelos homens, mas pelos próprios animais, onde não mais haveria exploração, mas sim, igualdade entre todos os animais. Era o animalismo!
Os animais se revoltam contra o homem opressor!
O Velho Major morreu, porém seu sonho permaneceu vivo na figura de dois jovens porcos, Bola de Neve e Napoleão. Liderados pelos porcos e revoltados com suas péssimas condições de vida, os animais deram início a uma revolução sem precedentes na história das fazendas, a Revolução dos Bichos!
O fazendeiro Jones foi expulso e o controle da fazenda passou para o controle dos animais, que agora poderiam desfrutar dos frutos do seu trabalho, pois agora, tudo pertencia a todos.
Os fazendeiros da região, seriamente preocupados com o possível alastramento do animalismo pelas suas propriedades, tomaram a decisão de invadir a fazenda dos animais e esmagar a rebelião.
Sob o comando do porco Bola de Neve, o exército dos animais repeliu a invasão e expulsou novamente os homens, garantindo assim a posse da fazenda. Estava feito, o sonho do animalismo era real, o início de uma nova era, uma era de paz e igualdade entre os animais.
Os ideais da revolução são corrompidos.
Napoleão, no entanto, não está disposto a dividir o poder, entrando em conflito com Bola de Neve e o declarando inimigo da Revolução. Utilizando cães ferozes, treinados desde filhotes para obedecer-lhe, Napoleão expulsa Bola de Neve da Fazenda e, pouco a pouco, começa a estabelecer novas regras.
As regras estabelecidas pelo Velho Major, inspiração para a revolução, são modificadas. Os porcos passam a morar na antiga casa do fazendeiro Jones, o produto do trabalho dos demais animais não é dividido entre todos, mas entregue aos porcos, que decidiam o que fazer com ele.
Os que discordavam dos porcos e de seu líder, Napoleão, eram sumariamente executados, enquanto o sonho da revolução virava pesadelo e seus ideais eram abolutamente corrompidos!
Animal ou humano, oprimido ou opressor?
Logo, os porcos se comportam de tal maneira, que é praticamente impossível distingui-los dos antigos opressores humanos.
A "Revolução dos Bichos", livro escrito por George Orwell e lançado em 1945, após o fim da Segunda Guerra Mundial, início da Guerra Fria, é uma clara alegoria da Revolução Russa de 1917, que expulsou o Czar, estabeleceu o comunismo e criou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Ao contrário do que muitos pensam, o livro não é uma crítica ao comunismo, mas sim ao Stalinismo, período em que a União Soviética foi comandada por Josef Stalin, e onde milhões de pessoas perderam a vida. Para o autor, Josef Stalin teria enterrado os ideais marxistas que inspiraram a Revolução e se tornado um opressor tão ou mais cruel do que seus antecessores.
O simbolismo é claro, o Velho Major seria Karl Marx, que ao lado de Engels escreveu o Manifesto Comunista em 1848, fornecendo as bases ideológicas para a Revolução. Bola de Neve seria Leon Trotsky, que lutou pela Revolução, mas discordava das idéias de Stalin, que por sua vez, é representado no livro pelo porco Napoleão.
Além disso temos os humanos representando o poder capitalista, os cães representando a temível KGB, o cavalo representando o proletariado, as ovelhas representando o povo que só faz repetir o que ouve, sem a capacidade de raciocinar. 
A Revolução dos Bichos é leitura obrigatória tanto para simpatizantes quanto para não simpatizantes das idéias marxistas. É a visão do autor sobre como o sonho de uma sociedade igualitária foi corrompido, uma visão sobre os eventos que influenciaram e ainda continuam a influenciar o mundo em que vivemos (embora nitidamente com bem menos força desde a queda do Muro de Berlim).
Disponível em ESTAMOS TODOS CEGOS
 

Mas afinal de contas o que é FÁBULA?
“A fábula é uma narrativa alegórica, em forma de prosa ou verso, cujos personagens são geralmente animais com características humanas, sustentam um diálogo, cujo desenlace reflete uma lição de moral, característica essencial dessa. É uma narrativa inverossímil, com fundo didático. Quando os personagens são seres inanimados, objetos, a fábula recebe o nome de apólogo. A temática é variada e contempla tópicos como a vitória da fraqueza sobre a força, da bondade sobre a astúcia e a derrota de presunçosos. A fábula já era cultivada entre assírios e babilônios, no entanto foi o grego Esopo quem consagrou o gênero. La Fontaine foi outro grande fabulista, imprimindo à fábula grande refinamento. George Orwell, com sua Revolução dos Bichos (Animal Farm), compôs uma fábula (embora em um sentido mais amplo e de sátira política).As literaturas portuguesa e brasileira também cultivaram o gênero com Sá de Miranda, Diogo Bernardes, Manoel de Melo, Bocage, Monteiro Lobato e outros.Uma fábula é um conto em que as personagens falam sendo animais e que traz sempre uma moral, alguma coisa para não cometermos erros.”



sábado, 28 de abril de 2012

exercícios de manipulação de imagem

Poética

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
Vínicius de Moraes
 autorretrato (neon)
 autorretrato (mapa de calor)
tempus fugit (mapa de calor)

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Fayga Ostrower

Território: Linguagens Artísticas


Por que escolhemos um determinado caminho ou outro? Não sei dizer.
Posso dizer que algumas escolhas estão relacionadas a determinados momentos que vivemos...
Por exemplo: nesse exato momento estamos todas nós, alunas do curso de Artes Visuais, da REGESD-UFRGS, envolvidas com o planejamento e a prática de ensino em Artes Visuais...
Coincidência ou não, o fato é que o tema de nossos estágios é Arte Contemporânea.
Buenas...mas isso tambpem não quer dizer muita coisa.
Outro fato que talvez seja relevante, é que o recorte que fiz para minha prática com os alunos em sala de aula foi Arte Contemporânea: novas linguagens (instalação, intervenção, objeto, arte ambiental, videoarte, etc...)Isso é relevante!
Dentro dessa ótica, foi uma escolha intencional, que soma esforços, que contextualiza o estudo com o trabalho,  o que meus alunos desejam com o que meus professores solicitam...e por ai vai.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Arte Ambiental (Land Art)





Arte Ambiental (Land Art)

Linguagem artística que tem como filosofia interferir na paisagem natural ou urbana abordando as relações entre o ser humano e o ambiente. A ideia é provocar o observador a olhar o espaço que o circunda de outra maneira, refletindo sobre as possibilidades de transformação crítica e criativa.

Performance



Joseph Beuys

"I Like America and America Likes Me" (performance, 1974)

 Helio Oiticica

Performance: Linguagem artística que se caracteriza por ser passageira. Uma ou mais pessoas executam uma representação que pode ter gestos, movimentos, canto ou qualquer outro tipo de interação.  Em geral, nas performances são utilizados cenários cotidianos. As performances, em geral, são gravadas em vídeo, podendo ser veiculadas a um número expressivo de pessoas.

domingo, 22 de abril de 2012

Processo Rizomático 01



(Re) significando a arte/educação por meio dos DVDs Arte na Escola!

Espaço Azul - Território Processo Rizomático

Sonia Maris Rittmann

Procurando atender a solicitação de produzir um projeto de aula que levasse em conta o pensamento rizomático utilizei o programa Prezi por julgar que o mesmo está dentro da lógica dos rizomas e pode se tornar uma ferramenta bastante atraente aos olhos de nossos alunos, sempre tão afeitos às novas tecnologias, sem deixar de trabalhar com os conceitos de arte moderna e arte contemporânea. Outra possibilidade é a de dar continuidade ao “mapa visual” a partir de qualquer ponto do mapa que já foi criado, abrindo novas possibilidades de leitura, novos olhares, novos caminhos a percorrer. Isso é rizoma.
Segue o link para apreciação da tarefa: 
projeto rizomático 01

http://prezi.com/ft26frpgvge4/projeto-rizomatico-01/

Referências:

LIGRE, Helena. A cor da dor. Disponível Helena Ligre
http://www.becodospoetas.com.br/profiles/blogs/a-cor-da-dor
ELIOT, T. S., 2004, Obra Completa – Volume I – Poesia. 2 ed. São Paulo, Arx. Disponível em http://cosmoseconsciencia.blogspot.com.br/2009/04/devires.html
Vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=kaP_wdCQuOI
http://www.youtube.com/watch?v=sAlt2PEnUtY&feature=channel&list=UL
http://www.youtube.com/watch?v=ffyG82rRkx0
http://www.youtube.com/watch?v=ugaRB0o4j1g&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=AgQcMhOP6YA&feature=related
Sugestões de sites para pesquisa sobre a artista:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anita_Malfatti
http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseaction=marcos_texto&cd_verbete=3758
http://www.pitoresco.com.br/brasil/anita/anita.htm
http://www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo2/modernismo/artistas/malfa/index.htm
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=359

Modernismo no Brasil
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=359


quinta-feira, 12 de abril de 2012

Saudações


Olá, colegas e professoras!

Gostaria de desejar boas-vindas a cada uma das minhas colegas do curso de artes visuais, modalidade EAD, da REGESD...Como isso seria trabalhoso demais, faço isso de uma forma coletiva... Bem-vindas colegas:

Claudia Tedesco da Rocha J Hencke Rozane Kafer Pereira Iria Rejane S. dos Santos Lauralice Marcolin Heberle Meire Deloair Bergara Barreto Daniela Defferrari Sandra Lúcia dos Santos Sandra Oclídia Bolfe Vera Lúcia Schwingel Wagner Neusa Loreni Vinhas Anelise Ferreira da Silva Tania Maria Bolfe Lisiane Silveira Silvana Bencke Leila Quintana de Aguiar Marilda de Fátima Boeira Neiva Lourdes Camello Andrea Pessin Mendes Jussára Regina Bonalume Elisângela Dias Garcia Cristiane Schuster Eloisa Boschetti Rozane Kafer Pereira Maria Clara Mazzocchi Ana Paula Bardini Killes. Valquiria Barcelar da Silva Solange Almeida Martins Juraci Martins Nunes Vera Teresinha de Brito Schmitz Luciana Migliavasca Eliana Teresinha de Vargas Martins Juliana Luersen Jussára Regina Bonalume

Aproveito o espaço ainda para agradecer a Jaqueline Maissiat pelo convite e pela honra de podermos partilhar mais um pouco de arte e afeto juntas.

À todas as demais colegas de curso e professoras, desejo que tenhamos um curso cheio de gratas surpresas, aprendizados significativos e, principalmente, muita arte.


Abraços, sônia maris

terça-feira, 10 de abril de 2012

Processo Rizomático


sônia maris rittmann

Penso que falar em rizoma na elaboração de uma aula de artes visuais deva levar em conta a questão da multiplicidade de caminhos para exploração da obra. Questões culturais, políticas, sociais, estéticas, etc. devem ser consideradas... Nós, enquanto professores de arte, fazemos essas escolhas todos os dias. O que propor ou que não, que artistas escolhemos e levamos para sala de aula, que exposições visitamos, que outras tantas não? O que nos empolga em arte, o que consideramos de pouca qualidade. Quando elaboramos nossos planos de aula, nossos projetos, o que nos move? Quais as relações que queremos estabelecer? Como apresentamos imagens e conceitos? Considerar mais o processo, o caminho percorrido pelo aluno e não apenas o ponto de chegada....Essa lógica rizomática, as multiplicações e derivas são tantas que produzem um emaranhado de ideias, saberes, possibilidades... Sempre diferente a cada dia, a cada artista, a cada nova pesquisa, a cada novo olhar... O olhar do professor, o olhar do aluno, o olhar do artista... Penso em mapas conceituais, em links que vão surgindo e que abrem novos horizontes a cada nova inserção...Fragmentos captados de diferentes lugares, que se conectam e (des)constroem... São inúmeros os caminhos que se cruzam e entrecruzam ao longo da vida. Nas sábias palavras de Antônio Machado:

«Caminante, son tus huellas
el camino, y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en la mar.»¹


¹António Machado, poeta sevilhano

Coletivo Verde



Chega de discursos.
Sustentabilidade na prática no blog Coletivo Verde.

domingo, 8 de abril de 2012

arthur bispo do rosário


Feliz Páscoa



Feliz Páscoa Frei Betto

Feliz Páscoa aos que desdobram a subjetividade, rompendo a casca do ego para deixar renascer a mulher ou o homem novo, e a quem se nutre de TV sem enxergar as maravilhas encerradas no próprio peito.

Feliz Páscoa aos artífices da paz que, entre conflitos, exalam suavidade, não achibatam com a língua a fama alheia, nem naufragam nas próprias feridas. E aos emotivos que deixam escapar das mãos as rédeas da paciência e nunca abandonam as esporas da ansiedade.

Feliz Páscoa aos que tecem com o olhar o perfil da alma e, no silêncio dos toques, curam a pele de toda aspereza. E aos amantes tragados pelo ritmo incessante de trabalho, carentes de carícias, que postergam para o futuro o presente que nunca se dão.


Feliz Páscoa a quem acredita ser o ovo portador de vida, sem que a fé exija que o quebre, e aos incrédulos e a todos que jamais dobraram os joelhos diante do mistério divino.

Feliz Páscoa aos que identificam as trilhas aventurosas da vida mapeadas na geografia de suas rugas e não se envergonham da topografia disforme de seus corpos. E a todos aqueles que, robotizados pela moda, se revestem de estátuas gregas carcomidas pela anorexia, sem se dar conta de que a mente mente.

Feliz Páscoa aos que ousam ser gentis e doces, sem pudor de abraçar o menino que carregam dentro de si. E aos afoitos, competitivos, turbinados e sarados, enamorados da própria vaidade, incapazes de suportar uma fila de espera.

Feliz Páscoa aos que sabem amarrar o seu burrico à sombra da sabedoria e jamais negociam a felicidade em troca de uma arroba de milho que, vista à distância, parece pepita de ouro. E aos idólatras do dinheiro, fiéis devotos dos oráculos do mercado, reféns de pobres desejos que, saciados de
supérfluos, nunca alcançam o essencial.

Feliz Páscoa a quem abre caminhos com os próprios passos e cultiva em seus jardins a rosa dos ventos. E aos que colhem borboletas ao alvorecer e sabem que a beleza é filha do silêncio.

Feliz Páscoa aos que garimpam utopias nos campos da miséria e trazem seus corações prenhes de indignação, sem jamais olvidar o próximo como seu semelhante. E aos que, montados na indiferença, atropelam delicadezas, até que a dor lhes abra a porta do amor.

Feliz Páscoa aos que nunca fecham a janela ao horizonte, regam suas raízes e não temem pisar descalços a terra em que nasceram. E aos que se embriagam de chuvas, ofertam luas à namorada e fazem da poesia a sua lógica.

Feliz Páscoa aos colecionadores de araucárias, que enfeitam de sonhos suas florestas e, na primavera, colhem frutos de plenitude. E aos que brincam de amarelinha ao entardecer e desconfiam dos adultos exilados da alegria.

Feliz Páscoa aos que se repartem nas esquinas, distribuem aos passantes moedas de sol e, nada tendo, nada temem. E aos que, ao desjejum, abrem sua caixa de mágoas e recontam uma a uma, gravando nos cadernos do afeto dívidas e juros.

Feliz Páscoa aos que caminham sobre tatames e, por terem muita pressa de chegar, jamais correm. E aos navegadores solitários, pilotos cegos e peregrinos mancos, que se arrastam pelas trilhas da desesperança.

Feliz Páscoa aos políticos obrigados a inventar, para os outros, o futuro que não se deram no passado, e estendem sorrisos para mendigar votos. E aos que não se deixam iludir pela insipidez da política e nem atiram seus votos na lixeira do desinteresse, alimentando ratos.

Feliz Páscoa aos trovadores de esperanças, aos fazendeiros do ar e aos banqueiros da generosidade, que sabem tirar água do próprio poço. E aos que mantêm em cada esquina oficinas de conserto do mundo, mas desconhecem as ferramentas que arrancam as dobradiças do egoísmo.

Feliz Páscoa a quem seqüestra o melhor de si, escondendo-o nas cavernas de suas mesquinhas ambições, sem coragem de pagar o resgate da humildade. E aos que nunca banem do espírito a presença de Deus e fazem da vida uma oração.

Feliz Páscoa às bailarinas fantasiadas de anjos que sobem, na ponta dos pés, a curva policrômica do arco-íris, e aos palhaços ovacionados que, no camarim, se miram tristes no espelho, vazios da euforia que provocam.

Feliz Páscoa aos que descobrem Deus escondido numa compota de figos em calda ou no vaga-lume que risca um ponto de luz na noite desestrelada. E aos que aprendem a morrer, todos os dias, para os apegos de desimportância e, livres e leves, alçam vôo rumo ao oceano da transcendência.

Frei Betto é escritor, autor de "Treze contos diabólicos e um angélico" (Planeta), entre outros livros.

sábado, 7 de abril de 2012

Celebração da voz humana


Retirantes - Portinari - 1955
fonte http://www.portinari.org.br

"Tinham as mãos amarradas, ou algemadas, e ainda assim os dedos dançavam, voavam, desenhavam palavras. Os presos estavam encapuzados; mas inclinando-se conseguiam ver alguma coisa, alguma coisinha, por baixo. E embora fosse proibido falar, eles conversavam com as mãos.

Pinio Ungerfeld me ensinou o alfabeto dos dedos, que aprendeu na prisão sem professor:
- Alguns tinham caligrafia ruim - me disse -. Outros tinham letra de artista.A ditadura uruguaia queria que cada um fosse apenas um, que cada um fosse ninguém: nas cadeias e quartéis, e no país inteiro, a comunicação era delito.

Alguns presos passaram mais de dez anos enterrados em calabouços solitários do tamanho de um ataúde, sem escutar outras vozes além do ruído das grades ou dos passos das botas pelos corredores. Fernández Huidobro e Mauricio Rosencof, condenados a essa solidão, salvaram-se porque conseguiram conversar, com batidinhas na parede. Assim contavam sonhos e lembranças, amores e desamores; discutiam, se abraçavam, brigavam; compartilhavam certezas e belezas e também dúvidas e culpas e perguntas que não têm resposta.

Quando é verdadeira, quando nasce da necessidade de dizer, a voz humana não encontra quem a detenha. Se lhe negam a boca, ela fala pelas mãos, ou pelos olhos, ou pelos poros, ou por onde for. Porque todos, todos, temos algo a dizer aos outros, alguma coisa, alguma palavra que merece ser celebrada ou perdoada".

O Livro dos Abraços
Eduardo Galeano


Texto disponível no blog a Adriana Deffenti

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Autorretrato

Eu e Oiticica em Inhotim

(fotografia feita por minha amiga Neusa Vinhas)

Olá, Colegas e professoras!
Meu nome é Sônia Maris. Sou porto-alegrense de nascimento e de coração.

Divido meu tempo entre a cidade e a praia. Pendendo para um ou outro lugar dependendo dos ventos...

Trabalho atualmente em Alvorada como professora de Literatura, Português, Redação, Ensino Religioso e Artes, no Ensino Médio, em uma escola pública. Não é fácil, mas os alunos compensam qualquer frustração.

Sou analógica: gosto de fotografar em P&B, de pintar à óleo sobre tela e de ler livros de papel. Sim, eles ainda existem...

Ultimamente não tenho dedicado tempo suficiente para essas paixões. Minha vida tem sido muito virtual nos quatro últimos anos em função de exigências de trabalho e da graduação em Artes Visuais na UFRGS. Mantenho alguns blogs, pessoais e coletivos que vocês podem apreciar a partir do soniamaris.

Adoro tomar chimarrão e caminhar na beira da praia, com meu marido e meu poodle, apreciando as mudanças nas nuvens.

Considero meus amigos fundamentais para minha sanidade mental.

Não consigo imaginar um mundo em que a arte não exista...

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Sonho. Não Sei quem Sou Sonho.




Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.

Se existo é um erro eu o saber. Se acordo
Parece que erro. Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Não tenho ser nem lei.

Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

(Re)significando a Arte - curso de extensão



Até parece que eu não tenho nada para fazer...
Agora, além de trabalhar como professora de Português e Literatura, em uma escola pública, com uns 240 alunos em diferentes níveis de ensino e fazer outra faculdade, em Artes Visuais, mais precisamente no 7º semestre, com estágio e TCC pela frente, ainda me inscrevo em um curso de extensão em Arte Educação.
Quero ver dar conta de tanta coisa...
Tudo bem, desafios são sempre bem-vindos.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Leonilson



Exposição "Sob o peso dos meus amores" de Leonilson na Fundação Iberê Camargo
Uma mostra do que pode ser visto nessa exposição no site do Itaucultural