terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ressucita-me

Ophélia

Ressucita-me

Autor: Vladimir Maiakovski

Ela, que também amava os animais,

Entrará sorridente assim como está na foto sobre a mesa.

Ela é tão bonita, ela é tão bonita que, na certa, eles a ressuscitarão.

O século trinta vencerá o coração destroçado já pelas mesquinharias.

Agora vamos alcançar tudo o que não podemos amar na vida com o estrelar das noites inumeráveis.

Ressuscita-me, ainda que mais não seja por que sou poeta e ansiava o futuro.

Ressuscita-me lutando contra as misérias do cotidiano.

Ressuscita-me, por isso ressuscita-me. Quero acabar de viver o que me cabe, minha vida, para que não mais existam amores servis. Ressuscita-me para que ninguém mais tenha

De sacrificar-se por uma casa, um buraco. Ressuscita-me para que a partir de hoje, a partir de hoje, a família se transforme e o pai seja pelo menos o universo e a mãe seja no mínimo a terra, a terra, a terra.

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