segunda-feira, 27 de julho de 2009

Leões e Cordeiros


O filme “Leões e cordeiros”, ao tratar de questões éticas envolvidas na guerra do Oriente Médio, fez muito mais do que propaganda do sistema de governo estadunidense, produziu um belo debate sobre as dicotomias implicadas nas três grandes forças de formação de opinião: a Imprensa, o Governo e a Escola (a universidade).

O primeiro núcleo, para mim, o mais interessante apresenta a ambição desmedida de um político em ascensão, que não vacila um segundo em colocar em risco vidas humanas para atingir seu propósito maior: vencer os “inimigos”. Representante do governo Bush, defende os ideais desse governo até as últimas conseqüências.

Ainda nesse núcleo temos uma jornalista veterana com crise de consciência, que já fez parte da propaganda governista e que, somente agora, compreende a trama de poder/corrupção, em que se meteu. Belíssimo embate entre a questão ética e a questão de sobrevivência (desemprego). Até que ponto vai minha responsabilidade com a verdade dos fatos? Pelo visto até chegar a conta do aluguel ou da hipoteca ou dos remédios da mãe doente. Ao que parece, todos temos nosso preço.

No segundo núcleo temos um professor universitário idealista que tenta influenciar seus jovens alunos a utilizar melhor seus talentos na construção de um país melhor. Influência essa que nem sempre é bem compreendida e que acaba trazendo muita tristeza para os envolvidos.

Dois dos seus alunos numa outra forma de idealismo (inconseqüente eu diria) se alistam no exército acreditando que assim estariam contribuindo para a construção de uma nova consciência, mais patriótica. São os legítimos jovens representantes do povo pobre, um negro e outro mexicano, sem condições de cursar uma boa universidade por falta de dinheiro, que buscam melhorar seu país através da participação em uma guerra sem volta e ganhar uma bolsa de estudos com essa participação. Foram enganados? Foram usados como isca. O que eles ganharam? Uma “bela lápide” e uma bandeira em cima de seu caixão.

Um terceiro aluno, decepcionado com o sistema educacional, discute com o professor questões que ligam as três histórias: a corrupção/poder, a guerra, o status quo, a educação... Ele é a representação do indivíduo que tenta ser dono de seu próprio destino, que conduz sua vida a partir do que ele vê e sente. Que conhece parte da história de seu país e que questiona os valores “herdados”. É um representante legítimo dessa nova geração, aparentemente mais preocupada com sua satisfação imediata, que apesar de inteligente e com potencial para realizar qualquer coisa que desejasse, não quer perder seu tempo com nada que seja sua própria vida.

É uma guerra de gigantes. Diria que não há inocentes nessa história, todos temos nossa parcela de “culpa” nessa engrenagem que toca o mundo. Por um lado pensamos estar fazendo a nossa parte ao trabalhar com educação, por outro poderíamos nos perguntar: sim, mas como fazemos isso? De que maneira estamos de fato contribuindo para a tão almejada sociedade mais justa e igualitária para todos? Quanto estamos desfazendo os preconceitos e estereótipos? Quanto discutimos(entendemos) sobre questões políticas com nossos alunos ou mesmo com nossos colegas? Estamos preparados para fazer escolhas éticas e responsáveis por nós mesmos e pelos outros? Julgar é fácil. Fico pensando no título do filme que assisti e a explicação do professor(do filme) sobre isso me parece insuficiente, não consigo me livrar da idéia de que todos temos dentro de nós um pouco dos dois: “leões e cordeiros”, acionados em diferentes momentos de nossa vida, mas estão lá, prontos para sair. Que medo!

Entre os Muros da Escola


Assisti ao filme “Entre os muros da escola” na minha própria escola o que por si só já seria uma experiência interessante. O mais curioso dessa pequena história é que estávamos em uma jornada pedagógica de rotina, em que as atividades deveriam ser basicamente de refletir sobre nossas práticas educativas. Pode parecer inacreditável o que vou dizer, mas, houve uma certa reação negativa ao filme. Muitos colegas não entenderam e até questionaram o porquê e de estarmos assistindo aquele filme e não algum outro “mais divertido”. A certa altura achei que alguém iria sugerir que discutíssemos o “preço do cafezinho” ou algo parecido.

Esse filme, apesar de não ser um documentário, tem uma linguagem própria de um documentário. Os personagens são professores, alunos e pais de verdade, interpretando papéis que poderiam ser os seus próprios. Claro que havia um roteiro a seguir, mas o diretor do filme deu uma certa liberdade para o improviso nas falas dos personagens. . A própria câmera se move como nos documentários, basta observar os movimentos que são meio inconstantes e interrompidos, com ângulos “estranhos”. Isso criou um filme bem mais realista do que estamos acostumados a ver.

O professor do filme é um professor de Língua e Literatura. Ele trabalha essas questões através da leitura do “Diário de Anne Frank” de forma a fazer com que o aluno entenda o uso da língua como expressão própria, legítima dentro de um país (França) composto por imigrantes de várias partes do planeta, que sofrem com a distância de suas pátrias, com as diferenças lingüísticas e culturais. A outra abordagem que ele faz, também dentro dessa questão da valorização da língua e da identidade, é o auto-retrato. Com essa técnica, oriunda das artes plásticas, o professor tenta regatar a auto-estima de seus alunos, tão massacrados social e culturalmente. Lembrem que a classe é formada basicamente por filhos de imigrantes árabes, chineses e africanos. Tentando fugir dos “achismos”, todo professor sabe que conhecer seu aluno e o meio em que ele vive, seu contexto, é o caminho mais fácil para que o aprendizado se desenvolva. Penso que foi isso que ele tentou fazer.

A discussão sobre as punições que deveriam ser aplicadas aos alunos “infratores” é sensacional. O professor, defensor da democracia e da liberdade de expressão de seus alunos, questiona tais punições e elas simplesmente não são alteradas. Há uma franca aceitação da manutenção das punições, por parte dos professores, é claro, sem que com isso haja de fato uma melhoria no comportamento dos alunos. Muito pelo contrário, quanto mais severas são as punições mais eles reagem a elas. Bom começo para uma bela discussão: Todo esse autoritarismo é mesmo necessário? Punições são necessárias? Punições levam a algum lugar? Não haveria outras formas de conseguir um comportamento adequado dos alunos?

Os limites simplesmente já não existem. Tanto os alunos como o professor ultrapassaram esse limite faz tempo. Há uma perda de controle generalizada. A tentativa de diálogo proposta pelo professor dá lugar a um bate-boca desrespeitoso que não contribui para a melhoria do relacionamento professor-aluno. Quantos de nós já passamos por semelhante situação: se diz uma coisa e outra é entendida? Não há como consertar esse tipo de coisa. O prejuízo é grande para todos os envolvidos.

Penso que enquanto não houver uma mudança significativa na sociedade, e dentro de cada um de nós, estaremos dando “muros em ponta de faca”. A sociedade, que também somos nós, já decidiu quais são as suas prioridades e nós não estamos nos encaixando nelas. A educação, embora seja almejada por todos e até enaltecida em belos discursos, não é prioridade de fato para boa parte da sociedade. Há um pensamento, quase que generalizado, de que devemos adquirir condições mínimas de sobrevivência, e se a educação formal contribui para isso ela é incluída, caso contrário é a primeira a ser descartada. Supérfluo. Luxo.

O conhecimento por si só já não interessa. Interessam os resultados. É o mundo globalizado. Mercantilizado. Tudo é transformado em produto. Tudo pode ser comprado. Só a nota interessa, o aprendizado pouco importa. Vemos isso a cada reunião de pais. Eles não estão interessados em saber o que seu filho aprendeu, eles querem saber se com “aquela nota” seu filho vai passar de ano. Triste, porém real. Um filme realizado do outro lado do planeta, em um país, dito de primeiro mundo, retratando alguns problemas tão iguais aos nossos. O que aprendemos com isso? Primeiro que não estamos sós, ou melhor, estamos sós em nossa luta, mas não somos os únicos lutando. Estranho isso. Pois é exatamente isso. O sistema engole o indivíduo, mas mesmo assim ele não deixa de lutar. Talvez haja sim uma pontinha de esperança. Que há uma revolução silenciosa que passa mais pela atuação individual de uns poucos professores que insistem em não desistir e, que apesar de tudo o que passam, não perderam sua humanidade, sua capacidade de errar e tentar novamente até acertar. E, contrariando tudo que os cerca, ainda acreditam na educação.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

A menina que Roubava Livros


A Menina que Robava Livros
Fazia bastante tempo que um livro não me emocionava tanto. E, mesmo assim, apesar da emoção, é muito difícil falar sobre esse livro que acabei de ler. Difícil por que belo e muito triste ao mesmo tempo.
A história gira em torno de Liesel, uma menina órfã vivendo na Alemanha nazista com uma família adotiva. Até ai tudo tranquilo... Nada diferente de tantas outras histórias. O interessante é o narrador dessa história: a própria Morte. É a Morte que vai conduzindo essa narrativa e nos fazendo pensar sobre nossa vida e sobre nossos medos...
A trajetória de Liesel é trágica: morre o seu irmão mais novo, ela é abandonada pela mãe aos seis anos, vai parar em uma casa com desconhecidos, passa fome, sofre com os horrores da guerra... Apesar de não saber ler, começa a roubar os livros... Os amigos, os roubos, os pesadelos, o abrigo, o amigo judeu escondido, a música, a leitura e os desenhos no porão, as perdas... muitas perdas.
Mesmo com tanta dor e sofrimento o livro tem uma beleza incrível. Não sei se por conta da narração que intercala os momentos de infelicidade extrema com uma alegria sublime. Não sei se por conta da plasticidade da narrativa... Se eu tivesse que comparar esse livro com alguma coisa, creio que seria uma pintura. E é a própria Morte, nossa narradora, coloca as cores nessa tela inacabada. É muito visual... Dá para sentir o clima da história.
Alguém definiu esse livro como “desnorteante”... Eu me senti sem chão... As reflexões que a narradora propõe são estarrecedoras, dignas de algum livro de filosofia. A humanidade escondida por trás dessa narrativa vai se surgindo aos nossos olhos aos poucos.Vem devagar...em pequenas doses. É como se tivesse uma névoa que aos poucos vai subindo e deixando aparecer a paisagem. Belíssimo livro.

sábado, 18 de julho de 2009

TCK TCK TCK...O tempo está acabando


O TEMPO ESTÁ ACABANDO...

Campanha 'TCK TCK TCK" é lançada em prol da luta contra o aquecimento global


Ana Ferrareze e Heloísa de Oliveira


“A mudança climática é real e está acontecendo agora”, alertou Kofi A. Annan, presidente do Fórum Humanitário Global e ex-secretário-geral da ONU, durante coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira, 26 de junho, no Palais des Festivals, em Cannes. Ao lado de Bob Geldolf, fundador da Live Aid, David Jones, ceo global da Havas Worldwide, e Herve de Clerck, dream leader da ACT Responsible, o diplomata discursou sobre a importância de aderir à luta contra o aquecimento global e aproveitou a oportunidade para lançar a campanha “Tck Tck Tck: time for climate justice”. Criada pela Havas´ Euro RSCG Worldwide, a estratégia tem o objetivo de fazer com que a população se una à causa, pressionando seus líderes políticos a estabelecerem um acordo em substituição ao Protocolo de Kyoto, criado com a finalidade de controlar a emissão dos gases causadores do efeito estufa. Válido até 2012, o tratado conta com o apoio de 187 países, que terão até dezembro de 2009 – data em que será realizada a UN Conference Change Conference, em Copenhagen, Dinamarca – para negociar, redigir e aprovar o novo protocolo, ampliando sua atuação para além dos países desenvolvidos.

“O propósito da campanha é fazer com que o público pressione seus líderes a aceitarem um acordo justo, que substitua Kyoto em 2013. Se a pressão for mantida, os políticos agirão. Eles encontrarão a coragem necessária para fazer o que é certo em Copenhagen. Um bom líder precisa de bons seguidores”, ressaltou Annan. Segundo Jones, os interessados podem colaborar fazendo o download da música oficial da campanha, interpretada por personalidades internacionais, como as atrizes Marion Cotillard e Milla Jovovich, assim como economista e vencedor do prêmio Nobel da Paz de 2006, Mohammad Yunus. “As pessoas podem se tornar aliadas à nossa causa, pois têm o poder de fazer escolhas como consumidor e pressionar nossos lideres”, afirmou Jones.O projeto conta, ainda, com a distribuição de colares dogtags e possibilita o envio de mensagens aos líderes de cada nação. O logo “Tck Tck Tck” e a música, estarão disponíveis gratuitamente no site http://www.timeforclimatejustice.org/, para que veículos de comunicação o divulguem, aderindo à ação.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Você aprende

You Learn
“...
Você vive, você aprende,
Você ama, você aprende,
Você chora, você aprende,
Você perde, você aprende,
Você sangra, você aprende,
Você grita, você aprende,
Você se aflige, você aprende,
você se sufoca, você aprende,
Você ri, você aprende,
Você escolhe, você aprende,
Você reza, você aprende,
Você pergunta,
você aprende,
Você vive, você aprende
...”
Alanis Morissette

Gota d'água

Foto: Maurício Vieira


UM ANO DA LEI SECA...

Uma campanha contra a mistura entre bebidas alcoólicas e direção pode ser considerada, no mínimo, criativa. Um carro batido dentro de uma enorme garrafa foi instalado na BR-101, no trevo de acesso a Florianópolis, em São José, com a mensagem "Qualquer dose pode ser a gota d'água". A notícia na íntegra está no site do Diário Catarinense

domingo, 12 de julho de 2009

Pé na cova


Publicado por Morandini em 30 Jun 2009 sob: Blog do Morandini
Aí está uma maneira criativa de incentivar os fumantes a parar com o vício. Este ‘fumódromo’, com uma estranha vista de ‘dentro’ da cova (com direito à bênção do padre!), antecipa os acontecimentos e tira um pouco do prazer de cada tragada.
Bacana não acham?

sábado, 11 de julho de 2009

Traduzir-se



Música feita por Raimundo Fagner a partir de um poema de Ferreira Gullar

Festival de Bonecos Canela




Todos os anos acontece em Canela-RS um Festival muito bacana: O Festival de Bonecos Canela.
São bonequeiros de várias partes do Brasil e de fora do país que se reunem na cidade para celebrar essa arte tão antiga.
Como vocês podem imaginar tem de tudo um pouco: marionetes, bonecos de luva, bonecos de vara, bonecos de balcão, objetos, sombras, bonecos gigantes...
É uma mostra bem diversificada, que agrada a várias platéias, com estilos e montagem que vão dos textos clássicos aos populares. As apresentações espalhan-se pela cidade, dos teatros aos cafés, passando pela praça central onde acontecem várias paresentações de rua.
Esse ano teve desde o Circo de Pulga até montagens mais reflexivas de teatro adulto como foi o caso do grupo da Espanha- Pèlmane Theatre - que apresentou "Dom Juan, Memória Amarga de Mi".
Quem quiser dar sentir o gostinho do que foi dê uma espiada no que aconteceu por lá no site do Festival http://www.bonecoscanela.com.br/