terça-feira, 19 de novembro de 2013

sábado, 3 de agosto de 2013

LISBOA COM SUAS CASAS

Casa Fernando Pessoa 
Campos do Ourique - Lisboa - Portugal

LISBOA COM SUAS CASAS

Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores…
À força de diferente, isto é monótono.
Como à força de sentir, fico só a pensar.

Se, de noite, deitado mas desperto,
Na lucidez inútil de não poder dormir,
Quero imaginar qualquer coisa
E surge sempre outra (porque há sono,
E, porque há sono, um bocado de sonho),
Quero alongar a vista com que imagino
Por grandes palmares fantásticos,
Mas não vejo mais,
Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras,
Que Lisboa com suas casas
De várias cores

Sorrio, porque aqui, deitado, é outra coisa.
À força de monótono, é diferente.
E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo.
Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo,
Lisboa com suas casas
De várias cores.


PESSOA, Fernando (1888 - 1935)
LISBOA COM SUAS CASAS, Poemas de Álvaro de Campos, ed. de Cleonice Berardinelli, IN/CN, Lisboa 1990

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Lost in Lisboa (parte 2)


INSERIR FOTOS

Lisboa
Sintra
Cabo da Roca
Praia do Guincho
Cascais
Estoril
Belém
Lisboa

Roteiro do dia:

Saímos de Lisboa para dar uma volta pelo entorno da capital. Primeira descoberta, todo o tour ficava no que eles chamam de Província de Lisboa - seria o equivalente aqui à região metropolitana da capital Porto Alegre. O mais interessante é que em um pequeno trecho pudemos perceber as mudanças da cidade, para a serra e depois o litoral. Tudo muito próximo. 
Palácio da Pena -SIntra
 
Primeira parada: Sintra - Palácio da Pena. Deslumbrante. História, arte e natureza constroem um espaço mágico, ou, como disse nossa guia, "um palácio de conto de fadas".


Cabo da Roca
Segunda Parada: Cabo da Roca, o ponto mais ocidental da Europa. Segundo Camões: "Aqui onde a terra acaba e o mar começa." Poético isso, não acham? Eu achei. 

Terceira parada: Praia do Guincho. Praia exclusiva para práticas de esportes náuticos: kitesurf, vela, surf, etc. Segundo nossa guia, essa praia não é uma praia "familiar", seja lá o que ela quis dizer com isso...

Quarta parada: Cascais. Nessa praia convivem de maneira muito doida: uma população pesqueira que vive disso e uma "burguesia" lusitana e europeia que mantém casas de veraneio para seu deleite. Contrastes, pelo que se sabe, não são novidades em nenhum lugar do mundo. 

Quarta parada: Estoril. Mais ricos e mais luxo, segundo nossa guia, estamos no lugar mais caro de Portugal. O maior Cassino da Europa encontra-se aqui. 

Quinta Parada Belém... (Belém, um capítulo a parte, visitamos em outra oportunidade) 

Retorno à Lisboa. 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

O essencial é saber ver..


O essencial é saber ver

O que nós vemos das cousas são cousas.
Por que veríamos nós uma cousa se houvesse outra?
Por que é que ver e ouvir seria iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?

O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem quando se pensa.

Mais isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender (...)

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos –
Poema XXIV" Heterônimo de Fernando Pessoa
(PESSOA, 2007, p.217-218)


sexta-feira, 26 de julho de 2013

Lost in Lisbon (parte 1)




Escher...

A primeira impressão que tive sobre Lisboa foi a de estar em um labirinto criado por Jorge Luis Borges ou em desenho de Escher.  Pode ser só uma sensação devido aos inúmeros e intrincados percursos feitos a pé e de bondinho, chamados pelos portugueses de elétricos. Desde o primeiro instante senti-me desorientada, andando em círculo, com uma forte sensação de que acabava sempre no mesmo ponto de onde havia partido. Quando andei de carro essa sensação piorou. Nosso motorista nos disse, muito claramente, que as ruas de mão única, somadas às colinas e as ruas estreitas, os prédios grudados uns aos outros - sem muito espaço para que o céu desse o ar da graça - faziam com que andássemos realmente em círculos e aumentasse meu desespero. Pensava em deixar migalhas de pão pelo caminho, tal qual João e Maria, mas lembrava das pombas, que não eram poucas e fariam meu plano fracassar... Ou talvez desenrolar um fio do novelo de Ariadne... Nada disso. O tempo passou e com a ajuda de minhas amigas consegui retornar (quase) sã e salva a minha casinha no Brasil. A cabeça ainda gira (não a “gira” portuguesa, mas a brasileira). Preciso de tempo para assimilar essas e outras ideias. As imagens estão sendo processadas...As histórias, idem. Fotos em breve. Abraços.

domingo, 21 de julho de 2013

terça-feira, 23 de abril de 2013

o fazer poético





(...)
A folha branca é a tradução
mais aproximada do nada.
por que romper essa pureza
com palavra não milpesada?

A folha branca não aceita
senão a que acha que a merece:
essa só sobrevive ao fogo
desse branco que é gelo e febre.

- João Cabral de Melo Neto

segunda-feira, 18 de março de 2013

Um Caminho de Expressão




Novos começos: curso no Atelier Livre de Porto Alegre, Um caminho de Expressão, com a profª Daisy Viola.
Sinopse: Encontrar e vivenciar o processo criativo individual, através do desenho e da pintura usados como linguagem.
Grandes Expectativas!

Odisseia

Hermes e Athena, c. 1585, Fresco Castle, Prague

Durante os últimos quatro anos e meio estive envolvida em um projeto, que a alguns pode parecer de fácil resolução, mas que para mim, com meu histórico de (in)disciplina foi dificílimo. 

Tempo de pensar sobre a vida, a arte, os (des)amores, as escolhas feitas e sobre o caminho navegado e o caminho a seguir.

Acostumada a  ter o controle da situação, de saber onde e quando chegar aos meus objetivos, deparei-me com algo insólito: o leme não estava em minha mãos. 

Por mais que quisesse e me esforçasse, não dependia mais de mim, tudo que pude fazer foi deixar que o vento e as marés me conduzissem ao seu sabor por todo esse tempo. 

Porém, como toda tempestade, um dia ela acaba... e esse é o caso.

Com a ajuda dos deuses do Olimpo, ou não, chego ao fim dessa jornada tal qual Ulisses em sua odisseia, contabilizando as marcas na corpo e na alma deixadas pelas lutas com monstros reais e imaginários, os amigos mortos e feridos ao longo da viagem, as conquistas ínfimas, o tempo ganho ou perdido. 

Que a deusa Athena me proteja!